Comunicado
14 junho 2024 às 10h47
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Auditoria ao Benfica: Comissões acima das guidelines da FIFA e jogadores que não jogaram

Emblema encarnado indica que “não encontrou nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes”.

O Benfica divulgou esta sexta-feira aos sócios os resultados da auditoria forense prometida há muito pela direção do clube.

Em comunicado, o emblema encarnado indica que “não encontrou nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes”.

Ainda assim, as águias assumem que, "conforme compromisso publicamente assumido, foi já enviada cópia do relatório para o Ministério Público, no âmbito do mencionado processo que ainda se encontra em investigação".

Mais se acrescenta que a Administração não deixará de zelar pela defesa intransigentes dos interesses da Benfica SAD em tudo o que se revelar necessário, procurando pautar a sua conduta, sempre, pela legalidade e pelas melhores práticas", indica a nota.

Nas conclusões de um relatório a que o DN teve acesso, a EY refere que, no que concerne a análise do valor dos passes e comissões, no que respeita a comissões foram identificados "71% de casos, entre negociações e renegociações de contratos de trabalho desportivo, onde os agentes envolvidos receberam comissões superiores a 3% da remuneração bruta” e “44% de casos onde os agentes envolvidos receberam comissões superiores a 10% do valor da transferência”. Estas percentagens excederam as guidelines da FIFA, mas tal “não indica”, segunda a empresa, “necessariamente, uma prática inadequada”. “Importa referir que de acordo com informações obtidas, quando a transferência de um jogador não implica nenhum fluxo financeiro (custo zero), é prática habitual do mercado que o valor a pagar de comissão ao agente seja mais elevado do que seria em condições normais”, pode ler-se.

A EY verificou ainda que, no concerne a esses contratos, cinco jogadores não realizaram qualquer jogo pelo Benfica (Yony Copete, Erdal Rakip, Pelé, Marçal, Nuno Coelho e Daniel Wass) e 10 apenas integraram a equipa B e/ou formação (Pedro Henrique, Bernardo Martins, Pêpê, Ronaldo Camará, Jonathan Ongenda, Stefan Mitrovic, Dálcio, Yartey, Nuno Santos e Ghislain Mbeyo).

Sobre as partes envolvidas nas transações, houve “15 situações onde não foi possível identificar a estrutura acionistas completa nem os Ultimate Beneficial Owners (UBO) das entidades com as quais o Benfica SAD se relacionou”; “10 situações onde as entidades com as quais a Benfica SAD estabeleceu uma relação de negócio se encontram sedeadas em paraísos fiscais” e “10 situações onde o agente/intermediário responsável pela intermediação do negócio dos jogadores apresenta um conflito de interesses com o próprio jogador”.

“Não identificámos nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes. Por fim, importa notar que, ao longo do trabalho, fomos identificando um conjunto de oportunidades de melhoria de procedimentos e/ou de controlos internos, nas vertentes: documental, financeira e de análise de contrapartes, com o intuito de mitigar algumas das insuficiências detetadas. Entretanto, a Benfica SAD já implementou boa parte destes controlos adicionais para fortalecer o seu sistema de controlo interno, relativo aos procedimentos para futuras transações de jogadores”, conclui o relatório.

Comunicado do Benfica na íntegra:

“Caros Benfiquistas,

A Sport Lisboa e Benfica - Futebol SAD (Benfica SAD), no seguimento do compromisso assumido pelo Presidente Rui Costa perante os benfiquistas, vem dar a conhecer também aos sócios do Sport Lisboa e Benfica, o teor do Relatório de Conclusões Consolidadas da Auditoria Forense realizada.

No sentido de salvaguardar os interesses da Benfica SAD, pouco depois de ter tomado conhecimento das suspeitas do Ministério Público (MP) no âmbito do processo vulgarmente denominado "Cartão Vermelho", a Administração solicitou a uma consultora independente de reconhecida competência (concretamente a EY), a realização de uma Auditoria Forense tendo por base as suspeitas do MP, as quais incidiam no processo de contratação de vários jogadores, existindo a suspeita de que a Benfica SAD poderia ter sido lesada.

Nesse sentido, a Benfica SAD deu total autonomia à EY para a elaboração da referida Auditoria e colaborou em tudo o que foi solicitado, tendo sido analisadas um total de 51 transações em todas as suas vertentes, correspondentes à totalidade dos contratos que o MP terá considerado, de alguma forma, suspeitos.

O tempo decorrido foi o considerado necessário por parte da EY, dada a complexidade da análise em questão e tudo o que foi analisado, o elevado número de elementos analisados e o hiato temporal da referida análise (cerca de 14 anos), como pode ser comprovado no referido relatório.

Em relação às conclusões da auditoria, destaca-se essencialmente o facto de a EY referir que ‘não encontrou nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes’.

Por forma a auxiliar o entendimento do Relatório, a Administração solicitou à EY a elaboração também de um memorando com o resumo das conclusões do trabalho, o qual se dá igualmente a conhecer.

Conforme compromisso publicamente assumido, foi já enviada cópia do relatório para o Ministério Público, no âmbito do mencionado processo que ainda se encontra em investigação.

Mais se acrescenta que a Administração não deixará de zelar pela defesa intransigentes dos interesses da Benfica SAD em tudo o que se revelar necessário, procurando pautar a sua conduta, sempre, pela legalidade e pelas melhores práticas.

A Administração da Benfica SAD
Lisboa, 14 de junho de 2024"