O Benfica divulgou esta sexta-feira aos sócios os resultados da auditoria forense prometida há muito pela direção do clube.
Em comunicado, o emblema encarnado indica que “não encontrou nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes”.
Ainda assim, as águias assumem que, "conforme compromisso publicamente assumido, foi já enviada cópia do relatório para o Ministério Público, no âmbito do mencionado processo que ainda se encontra em investigação".
Mais se acrescenta que a Administração não deixará de zelar pela defesa intransigentes dos interesses da Benfica SAD em tudo o que se revelar necessário, procurando pautar a sua conduta, sempre, pela legalidade e pelas melhores práticas", indica a nota.
Nas conclusões de um relatório a que o DN teve acesso, a EY refere que, no que concerne a análise do valor dos passes e comissões, no que respeita a comissões foram identificados "71% de casos, entre negociações e renegociações de contratos de trabalho desportivo, onde os agentes envolvidos receberam comissões superiores a 3% da remuneração bruta” e “44% de casos onde os agentes envolvidos receberam comissões superiores a 10% do valor da transferência”. Estas percentagens excederam as guidelines da FIFA, mas tal “não indica”, segunda a empresa, “necessariamente, uma prática inadequada”. “Importa referir que de acordo com informações obtidas, quando a transferência de um jogador não implica nenhum fluxo financeiro (custo zero), é prática habitual do mercado que o valor a pagar de comissão ao agente seja mais elevado do que seria em condições normais”, pode ler-se.
A EY verificou ainda que, no concerne a esses contratos, cinco jogadores não realizaram qualquer jogo pelo Benfica (Yony Copete, Erdal Rakip, Pelé, Marçal, Nuno Coelho e Daniel Wass) e 10 apenas integraram a equipa B e/ou formação (Pedro Henrique, Bernardo Martins, Pêpê, Ronaldo Camará, Jonathan Ongenda, Stefan Mitrovic, Dálcio, Yartey, Nuno Santos e Ghislain Mbeyo).
Sobre as partes envolvidas nas transações, houve “15 situações onde não foi possível identificar a estrutura acionistas completa nem os Ultimate Beneficial Owners (UBO) das entidades com as quais o Benfica SAD se relacionou”; “10 situações onde as entidades com as quais a Benfica SAD estabeleceu uma relação de negócio se encontram sedeadas em paraísos fiscais” e “10 situações onde o agente/intermediário responsável pela intermediação do negócio dos jogadores apresenta um conflito de interesses com o próprio jogador”.
“Não identificámos nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes. Por fim, importa notar que, ao longo do trabalho, fomos identificando um conjunto de oportunidades de melhoria de procedimentos e/ou de controlos internos, nas vertentes: documental, financeira e de análise de contrapartes, com o intuito de mitigar algumas das insuficiências detetadas. Entretanto, a Benfica SAD já implementou boa parte destes controlos adicionais para fortalecer o seu sistema de controlo interno, relativo aos procedimentos para futuras transações de jogadores”, conclui o relatório.